11/09/2012

Ao Gato





Gato, já está em idade avançada,
Quantos camundongos e ratos em sua vida comeu?
Quantos petiscos roubou?
Olhe com estes lânguidos e brilhantes segmentos de verde,
Ergue as orelhas de veludo
Mas por favor não espetes tuas garras latentes em mim
E mia mais alto - e me conta suas contendas
Por peixes, camundongos, ratos e tenros galetos.
Não, não baixes os olhos nem lambas teus punhos delicados.
Apesar do teu arfar asmático, apesar de teu rabo cortado,
Apesar de muitas empregadas te terem batido,
Tua pele ainda é tão suave como quando duelavas
Na juventude sobre os muros entre cacos de vidro.

(John Keats)

17/06/2012




Passeiam-se nos parques como gatos. Deslizando, com elegância e sem pressas. Apurando os sentidos, a reconhecer o território. Afagam o tronco de uma árvore, olham a copa e, se fosse da sua natureza, trepariam e ficariam muito serenos, deitados no garfo de dois ramos jovens. Esmagam nos dedos uma folha de lúcia-lima e cheiram-na, aspiram-na, com sensualidade disfarçada. Pontapeiam uma pinha caída no saibro do caminho, para depois, mais adiante, a apanharem e a arremessarem. Como um gato faz com um novelo. São solitários. Evitam cruzar-se com outros exploradores. Procuram tomar caminhos diversos. Debruçam-se nos lagos, molham as pontas dos dedos e não as enxugam. Às vezes passam-nas no rosto. Espiam os pássaros, detêm-se, para não os assustarem.
Os gatos, esses, aparecem de noite. É o seu tempo dos parques. É também o tempo de muitos outros bichos que viram os homens sem serem vistos. Dos mistérios dos parques só os gatos sabem. Nunca os revelarão. Os poetas sabem disso, mas continuarão a deslizar nos parques, imitando os gatos. Na esperança de um dia saberem ler o que eles trazem inscrito nas pupilas.

Licínia Quitério




24/01/2012

18/11/2011

Luz da Lua Minguante



Passeia a lânguida gata
(o rabo em pé faz bravata)
sobre o muro escorregadio

O pitbull num rosnado bravio
traça planos para o escorregão
que coloque a atrevida no chão

Mas à fraca luz da lua minguante
O rabo mia em desacato humilhante...

(Marisa Schmidt, 16/11/2011)

17/10/2011

Sebastião Preto Carvão

Vale a pena visitar este blog Sebastião Preto Carvão. Cheio de artes e coisas fofas.
O Sebastião já subiu no telhado. Que pena. Mas deixou um legado e muitas lembranças boas. :o)

17/09/2011

Instruções sobre como dar uma pílula a um gato



1. Sente-se no sofá, pegue o gatinho e aninhe-o no braço direito como se segurasse um bebê. Posicione o indicador e o polegar direitos de cada lado da boca do bichano e gentilmente pressione as bochechas, segurando a pílula na palma da mão. Quando o gatinho abrir a boca, coloque a pílula dentro. Deixe o gato fechar a boca e esfregue a garganta dele para encorajá-lo a engulir.

2. Recupere a pílula que caiu no chão e o gato de trás do sofá. Aninhe o gato no braço esquerdo e repita o procedimento.

3. Vá buscar o gato no quarto e jogue a pílula gosmenta no lixo.

4. Pegue uma pílula nova da embalagem, aninhe o gato no braço esquerdo, segurando as patas traseiras firmemente com a mão esquerda. Abra a mandíbula do gato e empurre a pílula para o fundo da boca com o indicador direito. Mantenha a boca fechada (a do gato) e conte até 10.

5. Recupere a pílula de dentro do aquário e tire o gato de cima do armário. Chame sua esposa no jardim.

6. Ajoelhe-se no chão com o gato firmemente preso entre os joelhos, segurando as patas traseiras e dianteiras. Ignore os rosnados emitidos pelo gato. Peça a sua esposa que segure a cabeça do gato firmemente com uma das mãos enquanto com a outra mão enfia a ponta de uma régua na boca do bichano. Escorregue a pílula pela régua e esfregue a garganta do gato com vigor para que ele engula.

7.Tire o gato do trilho da cortina, pegue outra pílula da embalagem. Tome nota para comprar uma nova régua e consertar as cortinas. Cuidadosamente varra os cacos das estatuetas quebradas e deixe de lado para colar mais tarde.

8. Embrulhe o gato em uma toalha e peça a sua esposa que deite-se sobre ele deixando apenas a cabeça do bicho aparecendo por debaixo do sovaco. Coloque a pílula na ponta de um canudinho de refresco, force a boca do gato para abrir e mantenha aberta com um lápis. Assopre o comprimido do canudinho para dentro da boca do gato.

9. Verifique na bula se a pílula é prejudicial aos humanos, beba um copo de água para tirar o gosto. Faça um curativo no braço de sua esposa e remova o sangue do tapete com água fria e sabão.

10. Vá buscar o gato na garagem do vizinho. Pegue outra pílula. Coloque o gato dentro do armário da cozinha e feche a porta deixando a cabeça do felino para fora. Force-o para abrir a boca com uma colher de sobremesa. Atire a pílula para dentro da garganta do gato utilizando um elástico como estilingue.

11. Pegue uma chave de fenda na caixa de ferramentas e acerte as dobradiças da porta do armário. Aplique compressa fria na bochecha e verifique em sua caderneta de vacinas quando foi a última dose da antitetânica. Jogue a camisa fora e busque outra no quarto.

12.Ligue para os bombeiros, para tirarem o gato de cima da árvore, do outro lado da rua. Desculpe-se com o vizinho que bateu como o carro no muro ao desviar do gato. Peque a última pílula da embalagem.

13. Amarre as patas dianteiras do gato com as patas traseiras com uma corda, e prenda-o firmemente à perna da mesa da sala de jantar. Pegue as luvas de jardinagem na edícula. Force a boca do gato aberta com uma chave inglesa. Empurre a pílula pela boca seguido de um pedaço de filé mignon. Segure a cabeça do gato na vertical e despeje um copo de água pela goela do bichano para que a pílula desça.

14. Peça a sua esposa que o leve ao pronto-socorro. Sente-se bem quieto enquanto o médico costura pontos em seu dedo e remove os restos da pílula do seu olho direito. Na volta para casa pare na loja de móveis para encomendar uma mesa nova.

15. Marque uma consulta com o psiquiatra, telefone para a sociedade protetora dos animais para que encontrem o bichano e ligue para a loja de animais encomendando uma tartaruga.



21/08/2011

Elegiazinha



i. m. nikita (gata da Inês)


Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso
- se somem – é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.


Nelson Ascher in 'Parte Alguma'

03/08/2011


O filósofo Sir Isaac Newton, famoso pelas leis do movimento e da gravidade, comprovadamente amava os gatos e preocupava-se com o bem estar deles.
Para trabalhar em suas pesquisas sem interrupções e para que os gatos tivessem liberdade de entrar e sair de casa mesmo com as portas fechadas, ele inventou a primeira "cat-flap", ou portinha para gatos.



Hoje existem vários modelos de cat-flap, que permitem a passagem do animal e retornam à posição central por um sistema de ímãs.

Treinamento para ensinar seu gato a passar pela portinha:

Levante levemente a portinha e coloque no outro lado algum brinquedo ou a ração preferida.
Pegue o gato em seus braços e ultrapasse a metade do corpo do gato pela portinha ajudando a passagem da outra metade.
Repita esse tratamento por alguns dias seguidos, logo seu gato já estará utilizando a portinha sozinho.



01/07/2011

O Gato e a Lua


O gato passeava aqui, ali,
E a lua girava qual pião,
E, parente próximo da lua,
Furtivamente, o gato olhava o céu.

O negro Minnaloushe olhava, fixo, a lua
Pois, embora miasse vagueando,
O seu sangue animal era agitado
Pela luz pura e fria lá no céu.
Minnaloushe corre pela erva,
Erguendo as patas muito delicadas.
Danças, acaso, Minnaloushe, danças?
Quando parentes próximos se encontram
Há lá coisa melhor do que dançar.
Talvez a lua consiga aprender,
Enfastiada desse tom cortês,
Novo passo de dança.
Minnaloushe desliza pela erva
De um outro lugar enluarado,
E a lua sagrada e elevada
Entrou agora numa nova fase.
Saberá ele que as suas pupilas
Passarão de mudança em mudança,
E que de fases cheias a crescentes,
De crescentes a cheias mudarão?
Minnaloushe desliza pela erva,
Importante, sábio e solitário,
E levanta para lua mutante
Os olhos em mudança.

W. B. Yeats

Tô escorregaaaaaaaaando!

23/06/2011

Curiosidades sobre os gatos


. Há mais de 500 milhões de gatos no mundo, com 33 raças diferentes.

. O coração do gato bate duas vezes mais rápido que o coração humano, entre 110 e 140 batidas por minuto.

. Quando o gato abana o rabo é porque está em situação de conflito. Ele quer fazer duas coisas ao mesmo tempo, mas um impulso bloqueia o outro. Por exemplo, se o gato está à porta e quer sair, e você abre a porta e está chovendo, o gato abanará o rabo devido ao conflito interno: ele quer sair mas não quer se molhar. Assim que ele tomar a decisão, de sair e se molhar ou de voltar para dentro, deixará de abanar o rabo.

. O gato massageia com as patas quando está feliz.

. Uma gata média tem de um a oito filhotes por ninhada e de duas a três ninhadas por ano.

. Um gato raramente miará para outro gato. Este som é reservado para os humanos.

. Os gatos necessitam de 1/6 da quantidade de luz que os humanos precisam para ver. Sua visão noturna é extraordinária.

. Se você não puder sentir as costelas do seu gato, é porque ele está muito gordo.

. Os gatos domésticos são essencialmente solitários. Quando em grupo, desenvolvem sua própria hierarquia. Se tiverem comida suficiente e à vontade, os gatos podem aprender a dividir seu território com outros gatos.



09/06/2011

OS GATINHOS DO CARLINHOS

Hoje vou contar a história do Carlinhos, um menino de 8 anos que gosta muito de animais e tem três gatinhos em sua casa. Escolhi postar aqui a história dele e seus gatos como testemunho de que o amor pelos bichos pode fazer milagres. E embora ainda existam pessoas ignorantes que judiam dos animais, também há grandes corações como o do Carlinhos, que se dedicam a cuidar dos pobrezinhos abandonados e doentes. As fotos foram tiradas pelo próprio Carlinhos, com seu celular, e enviadas a mim especialmente para o blog.






O gatão amarelo chama-se Chião e era da vovó dele que foi para o céu e deixou-o encarregado de cuidar do bichano. Embora o gatinho ainda sinta saudades de sua antiga dona, recebeu de Carlinhos todo carinho, basta ver pela foto como ele é mimado.










A gatinha com uma pinta no nariz chama-se Chinha e o apelido é Pupu. Ela foi encontrada na rua pelo pai do menino. Carlinhos lhe deu casa, comida e muito amor, hoje ela já se sente em casa, e faz olhar de gata manhosa.




O siamês chama-se Chinho e tem uma história muito linda que a mãe do Carlinhos me contou. Ela foi com ele escolher um gatinho, na casa de uma pessoa que tira animais da rua e cuida deles, aguardando alguém que possa levar o bichinho pra casa. Quando lá chegaram, havia vários gatinhos, muito lindos, mas Carlinhos insistiu com a mãe para levarem um que estava quase morrendo, doente, cheio de sarna, ruim mesmo. A mãe do Carlinhos tentou dissuadi-lo, ofereceu outros animaizinhos,  mas ele quis aquele pobre gatinho. Saíram de lá e passaram na veterinária, já levando para casa os medicamentos de que o gatinho precisava. Cuidaram dele com todo carinho e ele se recuperou. Ele chegou a cair do 5o. andar onde moram, precisou de cirurgia, colocaram 5 parafusos nele, e o bichinho sobreviveu e hoje é um gato lindo, forte e manhoso cuidado com todo amor pelo Carlinhos.

Parabéns, Carlinhos!!

07/06/2011

Felinos Pródigos


Eles voltam cansados;
a noite nos ombros,
desgrenhados bigodes,
pisando macio o cio dos telhados...

Wender Montenegro